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Liderança

“Não esqueça que eu sou apenas uma garota…”

Cena do filme Um Lugar Chamado Notting Hill, 1999

Na citação que marcou um dos momentos mais emocionantes do sucesso cinematográfico Um Lugar Chamado Notting Hill, a estrela Anna Scott se mostra como uma pessoa normal diante do comerciante de livros William Thacker. Apenas quando os dois se enxergam genuinamente, sem máscaras e rótulos, é possível que a verdadeira conexão entre eles aconteça. Mas o que isso tem a ver com liderança e desenvolvimento nas organizações?

Temos tecnologias, ferramentas e processos, mas no fim do dia, somos apenas humanos, imperfeitos, incompletos, inconstantes. É isso que trazemos todos os dias para o mundo do trabalho, independentemente do cargo, salário e do que está escrito no crachá. Apesar de gênero, idade, nacionalidade, experiências vividas e preferências pessoais.

Dessa forma, se passamos a ver nossas relações no ambiente corporativo da mesma maneira que lidamos com qualquer outra relação interpessoal, concluímos que não há uma fórmula mágica, um modelo único que dê conta de todas essas variáveis.

Reduzindo o conceito de liderança a sua partícula mínima, o que fica é a construção de relações de indivíduo para indivíduo e a única maneira de fazer isso dar certo é por meio da abertura, autenticidade e vulnerabilidade. É ter como ponto de partida a consciência do que cada um tem a oferecer, do que precisa receber, daquilo que cada um é capaz e de suas próprias limitações. É também ter um interesse genuíno de enxergar o outro como pessoa, com toda a sua bagagem e complexidade.

Não é por um acaso que as habilidades comportamentais têm sido cada vez mais necessárias no ambiente organizacional. Autoconhecimento, inteligência emocional, resiliência são exemplos das competências que se tornaram essenciais para o alcance de alto desempenho em qualquer área, função, segmento industrial.

Apenas com essas bases sólidas, as diferentes ferramentas, modelos de liderança e processos passam a ser relevantes, uma vez que então podem ser aplicados de forma contextualizada, personalizada e adequada ao momento e situação.

Em um mundo no qual a tecnologia está cada vez mais imbuída em todos os aspectos de nossa vida, o que nos faz essencialmente humanos é o que nos permitirá chegar ainda mais longe. Como líderes, como colaboradores, como indivíduos.

Por Clarissa Gazzaneo, Consultora e Fundadora da Casa do Ser